top of page

Psicanálise e Vida Cotidiana

     

 

 

 

      O leitor familiarizado com o texto freudiano tomará o título deste blog como paráfrase do que Freud escreveu: "Psicopatologia da vida cotidiana". Mais que parafrasear Freud, sigo sua trilha: o interesse pela vida cotidiana e seus avatares, desejando "não suscitar convicção; mas estimular o pensamento e  derrubar preconceitos".

      A escuta atenta aos atos humanos mais "casuais" como o de balançar as pernas involuntariamente, mexer nos cabelos, levar a caneta à boca, ir justamente para o lado que vai o desconhecido na rua quando na verdade, queríamos ir em direção contrária; esquecer  nomes próprios e outros nomes com os quais temos intimidade, levou Freud a buscar o sentido inconsciente destes atos cotidianos, aparentemente sem sentido e sem importância.

      Ao mesmo tempo, foi um psicanalista atento aos movimentos da civilização, aos movimentos (des)civilizatórios, ou no dizer de Mezan (1985) um "pensador da cultura".

      Aqui, no caminho aberto por Freud, no qual Jacques Lacan se introduziu e deixou suas marcas, desbravando outros ainda lugares desconhecidos, vamos cunhar o nosso caminho.

      Eis que, no lugar da "psicopatologia", a psicanálise quer advir com a vida e na vida cotidiana...

      Uma psicanálise que se ocupa dos efeitos de acontecimentos que vêm de fora e, por vezes à revelia do sujeito ou do coletivo ocupando-se dos efeitos sobre eles.

        Fazer psicanálise do que, do país, da cidade, da rua, atravessa o sujeito ou o coletivo cotidianamente é o motor deste escrito na rede social.

       Um psicanalista tal como "um artista tem de ir aonde o povo está"... Atento ao movimento humano e (des) humano, ao que atormenta, transtorna, assalta, une, desintegra, organiza, divide, alegra, apazígua. Ao que cada um de nós, em particular e como parte de um coletivo, fazemos com que a vida dá ou tira; oferece ou priva, abre ou fecha.

      Ao amor e ao desamor, ao valor do Outro ou à sua anulação; ao ódio e às consequências sobre uma nação, ao povo de uma nação ou a cada um - cidadão ou não - sempre sujeito interessante para a psicanálise.

      Com a psicanálise, seu saber e seus interrogantes quero tornar estranho o que acaba sendo familiar, dada à sua proximidade cotidiana: a violência, os assaltos, as guerras, a morte, a anulação do Outro, a violação de direitos humanos, a desumanização do humano.

      Cada sujeito em particular que procura um psicanalista, o faz com e na esperança. O psicanalista condensa uma esperança que o sujeito tem de ser e viver melhor, de estar menos desconfortável no mundo e no campo do Outro, de contornar pontos de angústia, medos e pânicos, de se libertar até das grades imaginárias que lhes impede os movimentos.

      Expandindo os limites de sua prática, a psicanálise pode fazer sustentação da mesma esperança, transmitindo seu modo singular de "ler" e estar no mundo. No "para todos", a psicanálise introduz o Um... extraindo da experiência cotidiana, da escuta analítica, algo que possa contribuir para a construção do saber de muitos, e quiçá, com certo alento-véu frente ao real que nos toca a todos.

       

Boas vindas e aguardem a próxima discussão: Um elefante numa loja de cristais...Até lá!

Agência criativa Papers
- Gostaria de comentar algo bacana-

Contate-me

Psicanálise em ato vivo.

por Tânia Ferreira.

Success! Message received.

bottom of page